quinta-feira, 6 de junho de 2013

Autopensamentos pastorais - em vista da proximidade do Dia do pastor


O pastor e bispo imprescindível

Na memória dos crentes das mais diversas denominações evangélicas sobrevive uma bela canção sobre o pastor: "Eram cem ovelhas...  o pastor deu falta de uma... a buscá-la (o pastor) foi ... encontrou-a... curou suas feridas... salvou-a".

De acordo com o texto de 1 Pedro 2.25, esse pastor é Cristo: "Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo da vossa alma." Infelizmente, a partir do cântico fora do seu contexto bíblico, e por comparação, aquilo que Deus Pai determinou para seu Filho Jesus Cristo passou a ser tarefa de um pastor humano. Nada mais desumano.

Um pastor humano não pode salvar ninguém, pois não é o Salvador do mundo. Um pastor humano não pode carregar o peso dos pecados humanos sobre seus ombros, sendo ele mesmo imperfeito. Um pastor humano não tem redil: cuida das ovelhas do grande Pastor (Hb 13.20), que é Cristo.

É notório, nas Escrituras, o desejo divino de que todas as ovelhas perdidas sejam resgatadas para viver sob os cuidados de um único pastor, como diz João 10.16: "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor." Jesus Cristo é esse Pastor e Bispo imprescindível.

Em o Novo Testamento, os pastores humanos recebem varias designações. Tais epítetos oferecem pistas sobre o agir pastoral humano, diferenciando-o, evidentemente, do Sumo Pastor. Vejamos alguns deles, a seguir:

1) Presbíteros (anciãos - ideia de respeitabilidade social, experiência)
Por exemplo, em 1 Timóteo 5.17, as pistas são GOVERNAR, PREGAR, DOUTRINAR: "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina."

2) Bispos (supervisores)
Por exemplo, em Atos 20.28, destaca-se a tarefa de "apascentar" o rebanho de outrem, no caso, de Cristo, incluindo-se: "Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue."

Desses homens de Deus, espera-se: "que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;" (1Tm 3.2); e "que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância” (Tito 1.7).

3) Os que conduzem (pela Palavra)
Em Hebreus 13.7,17, nossas Bíblias traduzem “guias”, erradamente.  Quem guia é Deus, por meio da Palavra que é pregada (confiram a observação de Cristo em Mateus 23.10). Pastores conduzem o povo por meio da exposição da Palavra de Deus, como conselheiros, educadores, orientadores, facilitadores.


Não sou imprescindível. Jesus é. Sou, pela graça de Deus, pastor, alguém que Ele escolheu para governar, ensinar, pregar, batizar, conduzir Seu rebanho. Sou grato a Deus por me permitir cuidar de Seu rebanho tão especial na região de Magé, a IBVJ. Permita-nos o Senhor viver os próximos anos obedientes à Sua Palavra e cada vez mais próximos.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O culto ao nada (Por Pr Isaltino Gomes)

Nos onze anos em que trabalhei junto da Coordenação Editorial da JUERP, um dos meus prazeres era a leitura das obras do Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho.
Reproduzo, aqui, um de seus textos, pois não sei se valeria a pena dizer a mesma coisa mesmo que de modo diferente.

"Neste semestre estou a ler a Bíblia na versão chamada Bíblia de Jerusalém. Gostei de Jeremias 19.4, assim traduzido : Meu povo, contudo, esqueceu-se de mim! Eles oferecem incenso ao Nada… Judá estava cultuando o Nada, porque adorava a ídolos e todo culto que não seja ao Deus revelado nas Escrituras é culto ao Nada. Disse Paulo: … o ídolo nada é no mundo… (1Co 8.4). Há quem adora ao Nada porque adora deuses que fez para si.


Há muito culto ao Nada. São cultos centrados no homem. Visam levar as pessoas a se sentirem bem e serem estimuladas, recarregarem as baterias para mais uma semana de luta, etc. O homem é o foco do culto. Poucas coisas são tão sem nexo como “culto jovem”. Que é isto se não a declaração de que as pessoas são mais importantes no culto que o Cultuado? A ênfase hoje é no “adorador”. Por que não no Adorado? Porque as pessoas são mais importantes que Ele, porque o culto é programado para elas, porque a preocupação é atraí-las. A preocupação deve ser com a glória de Deus (confundida com barulho e mantras repetidos à exaustão). A glória de Deus se manifesta em vidas transformadas pelo evangelho de Jesus.

O alvo de muitos cultos não é a santidade de Deus, mas a felicidade do homem. São cultos antropocêntricos (o homem no centro), e não teocêntricos (Deus no centro). Culto ao Nada, porque voltado para o homem. Ouvi uma senhora dizer a outra, no mercado: “Não gostei do culto ontem”. O culto é para nos agradar ou para agradar a Deus? O prumo de um culto não é a estética do adorador, e sim a proclamação de “Que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação” (2Co 5.19).

Alguns se autodenominam “geração de adoradores”. Não. É uma geração de consumidores espirituais, que assimilou a filosofia de prazer do mundo, entronizando-se em sua vida. Tudo é ao seu gosto. Até o culto. Até Deus. Dirigi um estudo bíblico, num grupo de profissionais liberais, e alguém disse: “Gosto de pensar em Deus assim, ó…”, e nos brindou com uma série de banalidades espirituais. Disse-lhe que era irrelevante como ela gostava de pensar em Deus. O relevante era como Deus se manifestara na história, na Bíblia e em Jesus. Ela não podia moldar Deus ao seu gosto.

Quando somos o foco do culto cultuamos ao Nada. Pessoalmente detesto barulho. Não vejo como espiritualidade, e sim mau gosto. Mas há quem avalie o culto pelos decibéis. Mas não torne seu gosto em padrão. Como eu não torno meu gosto em padrão para os apreciadores da barulhada.

Quem cultuamos? Deus ou nós? Que procuramos no culto? Conhecer mais de Deus e da Bíblia ou sentir-nos bem, com o ego massageado? Cuidado para não cultuarmos o Nada!

(Pr. Isaltino Gomes)

Dito está!



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Deus tem plano"s" pra você

Muitos falam que Deus tem um (numeral ou artigo indefinido?) plano para cada um.
Eu, sinceramente, prefiro o plural, na hora de falar do plano divino, mesmo porque acredito piamente que Deus me deixa escolher (livre-arbítrio).
Falar de plano"s" de Deus é melhor do que falar de um plano em particular, pois, ao meu ver, nos planos de Deus eu e o outro nos tocamos (a tal da alteridade).

Deus tem planos de SALVAR (e o faz por meio da oferta de Seu Filho e, depois, por intermédio da missão da Igreja);
Deus tem planos de QUALIFICAR, pois a existência dele em nós, pelo Seu Espírito, o selo da salvação, traz uma dimensão qualitativa: a vida eterna (a partir dessa existência, pelo fruto espiritual);
Deus tem planos de CAPACITAR, pois a Igreja não conseguirá executar Sua vontade sem o poder operacional do Espírito.
enfim, Deus tem planos de GUARDAR, pois somos dele, estamos debaixo de suas asas e, por isso, seguros; ele pretende buscar-nos para si e para a eternidade.

Em breve, continuo o tema, analisando-o à luz dos versículos bíblicos que povoam minha mente, enquanto digito essas poucas reflexões...

Com amor,
Pastor Davi Freitas
IBVJ, Piabetá, Magé

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A SEMENTE QUE GERMINA

POR QUE SOU CRISTÃO?

"Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus..." (1 Pe 3.18)

Porque em Cristo, e somente nele, fui redimido da escravidão do pecado. 

Como bem afirmou Boice (FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ, p. 284), "A redenção tem duas consequências. Primeiro, significa que somos livres. Por mais paradoxal que possa parecer, ser comprado por Jesus é ser liberto – liberto da culpa e da tirania, bem como do poder do pecado (...) 

Também, porque em Cristo, e somente nele, minha vida ganha sentido, direção e intensidade: ele é meu "vetor" para o serviço a Deus e ao próximo, na vida social e familiar.
(...)Segundo, fomos libertos para servir a Deus. Ficamos livres para querer o bem. Fomos libertos para que pudéssemos obedecer e amar a Jesus". (BOICE, idem).

Ah, como eu amo esse Deus!


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Do coração para a vida

Bom dia, queridos


Estava a ler, às 5h00, pouco antes de vir trabalhar: “...Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração...” (Tg 5.8)

E compartilho minhas instrospecções:

Tiago, um judeu escrevendo em grego... Vale aqui a tarefa de “visitar” a mentalidade hebraica por trás da expressão.

Em hebraico, “coração” (Heb. Lev) é sinônimo para “pensamento” (nossa vida interior). Assim, o texto sugere um esforço para direcionar nossas atitudes, pensamentos e emoções à paciência (na Bíblia, termo próximo de “perseverança” e “longanimidade”) nas relações com os homens.

Cada dia mais, entendo que carecemos desta capacidade de suportar (ideias, pessoas, instituições).
Entendo, todavia, que o esforço é válido.

Abraços,

terça-feira, 24 de julho de 2012

Visões de Deus

Todos procuramos respostas para os dilemas da vida. Um dos principais questionamentos é se existe alguém além de nosso mundo físico, um "Deus". Tal dilema apresenta-se crucial para o nosso equilíbrio psicológico, e tem sido respondido a partir da 4 visões de mundo: 
  • Visão mítica ou mágica (onde seria melhor falar de "deuses", emanações da natureza, pela qual se manifestariam, ordenando a vida social);
  • Visão bíblica ou mitopoética (onde aparece a figura do Deus Criador e Sustentador do universo e a história ocorre paralela à revelação deste Deus);
  • Visão teísta (que difere da anterior, porque pressupõe a opinião de que existe(m) "deuses" - é uma categoria para monoteísmo [teísmo cristão], politeísmo e henoteísmo, indistintamente);
  • Visão deísta ou da filosofia clássica (o Deus "da ciência", que seria a causa primeira, mas apenas percebido pela razão lógica, em detrimento da revelação, dogmas ou tradição);
  • Visão positivista ou naturalista, onde as leis naturais oferecem a causa primeira, descartando o criacionismo divino).
Criados à imagem e semelhança de Deus, nós partilhamos com ele de uma relação comunicacional. 
Deus escolheu limitar-se no tempo e na história humana - uma escolha desde os tempos eternos - na pessoa de Cristo.
A única visão que coaduna com essa é a bíblica ou mitopoética. E dela não devem os cristãos abrir mão.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A SEMENTE QUE GERMINA (Por um povo forte)

Caminhos para a alegria (Ne 8)

Neemias disse, certa ocasião, ao povo de Israel: "...esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força". (Ne 8.10)



Ninguém discute o poder da alegria para o bem-estar individual e coletivo, principalmente, se a fonte da alegria é o próprio Deus.


Interessa-me, entretanto, o caminho trilhado por Neemias para chegar a essa vital afirmação (Cap. 8):


1) o ajuntamento de todo o povo, que se une em torno de um mesmo propósito (v. 1);
2) A leitura do Livro da Lei (a Palavra de Deus) perante todos, com a devida atenção que ela merece, tanto no que se refere à concentração como na reverência (v. 2-5);
3) A adoração (acompanhada de louvor) resultante desse encontro com a Palavra de Deus, por todos os que estavam presentes (v. 6);
4) A marca de um processo de ensino- aprendizagem bem-sucedido, por meio de uma interpretação bíblica coerente (v. 7,8)


À luz do que leio neste capítulo, para encontrar a "alegria que vem do senhor" e sermos cristãos saudáveis, não podem faltar em nossa vida estes 4 fatores:
- congregar (principalmente, pelo culto);
- ouvir atentamente (significa, também, com submissão) a Palavra de Deus;
- louvar a Deus por sua misericórdia e graça
- e, finalmente, aprender e aprender, sob a supervisão de outros cristãos, cujo conhecimento bíblico possibilite a mentoria espiritual.

Sejamos, portanto, alegres para sermos fortes!


terça-feira, 26 de junho de 2012

AS MARCAS DE JESUS - parte 1/9

As MARCAS de Jesus (Consequências de nossa escolha de vida)

Texto 1/9 - A declaração de Paulo “Daqui em diante ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus” (Gl 6.17) sempre me conduziu a uma reflexão sobre o significado de dizer-se cristão num mundo cada vez mais secularizado.
Depois de ter lido Paulo, foi a descoberta e a leitura da carta de Inácio de Antioquia, um importante bispo que também escreveu aos Romanos, que me abriu os olhos para essa questão.
Como afirmou Paulo, e também Inácio, insisto, amados, que ser cristão é ser liberto do pecado para servir a Deus, pela fé em Jesus Cristo.
Durante essa pequena jornada literária, vamos comentar sobre a vida de Paulo: apesar de toda a grandiosidade de seu pensamento e do trabalho missionário deste apóstolo em prol das primeiras igrejas cristãs, ele foi muito injustiçado. Falsos líderes e crentes imaturos perverteram o seu ensino e o perseguiram. Seus opositores eram judeus, cuja religiosidade se sustentava em rituais e atos cerimoniais exteriores. Um destes atos (a circuncisão) deixava uma marca física no corpo de cada homem.
Paulo afirma que a “aparência na carne” (6.12) e a “glória na carne” (6.13) não são as marcas deixadas por Jesus em nós. Resulta daí que nós, cristãos, não precisamos de rituais e atos cerimoniais exteriores, e sim da religião interior (cujo fundamento é o amor – 5.14) provocada pelo encontro com o Salvador.
A pergunta, para todos aqueles que congregam sob qualquer liderança pastoral, é: podemos afirmar como Paulo, que trazemos no corpo as marcas de Jesus? Ou seja, podemos dizer que a partir de Jesus, vivemos de uma maneira nova, diferente e melhor? (6.15) Esperamos que sim!


quinta-feira, 21 de junho de 2012

A SEMENTE QUE GERMINA

Pastoral acompanhando a leitura da Bíblia em 1 ano na IBVJ

Desvendando o homem por detrás da oração: Salmo 17.4

FILOSOFIA DE NÃO-VIOLÊNCIA

Você já foi vítima de uma pessoa violenta? Nada mais desagradável... Pior mesmo é quando o "violento" é alguém que faz parte de sua vida religiosa (um pastor, um membro de sua congregação etc.).
   Segundo Marilena Chauí, "violência é um ato de brutalidade, sevícia [crueldade, sadismo] e abuso físico ou psíquico contra alguém..."*
   No salmo 17, o poeta traz uma observação pertinaz: "Quanto às ações dos homens, pela palavra dos teus lábios, eu me tenho guardado dos caminhos do violento" (Sl 17.4).
   Guardemo-nos, portanto, de vitimar alguém, tornando-nos, assim, em promotores da violência intrapessoal como, por exemplo, ao humilhar alguém, envergonhá-lo ou, mais grave, discriminá-lo.
   Quanto à condição de termos sido vitimados por pessoas violentas, o ideal é não revidar. Mansidão e humildade são gestos de grandeza maior no caráter cristão. Oremos por nossos ofensores e aguardemos em Deus a solução para o nosso dilema.

___________
* CHAUÍ, Marilena. "Uma ideologia perversa". Artigo publicado na Folha de São Paulo, 14/03/1999, Caderno "Mais", pp. 5-3

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A SEMENTE QUE GERMINA

Pastoral acompanhando a leitura da Bíblia em 1 ano na IBVJ


Desvendando o homem por detrás da oração: Salmo 17.3

O SOM DO CORAÇÃO
Certa vez acompanhei minha mãe a uma cardiologista para um exame detalhado de coração, pois ela estava tendo dificuldades de respirar. O método usado pela doutora foi o ecocardiograma, que utiliza ultrassons (ondas sonoras inaudíveis e de alta frequência). O som é refletido diferentemente por cada parte do coração, produzindo uma complexa série de ecos que podem ser visualizados em forma de uma imagem, que reflete a forma do coração e o modo como está a funcionar. O diagnóstico da doutora deixou-nos assustados, pois segundo ela, minha mãe deveria colocar um marca passo - um dispositivo de aplicação médica que tem o objetivo de regular os batimentos cardíacos.

Muitos são os crentes que não passariam num exame semelhante, só que na esfera espiritual, realizado por Deus, conforme a oração do salmista: "Provaste o meu coração...". Pequenos desvios da vontade de Deus, desatenção com os cuidados da vida espiritual (leitura bíblica, oração e culto) levam a um mau funcionamento da vida cristã. Crentes assim têm um coração fraco para missões e para o serviço cristão, que exigem fôlego.

Possa o Senhor nos achar com um coração que soa como o do salmista: "...visitaste-me de noite, examinaste-me, e nada achaste..." Assim, não precisaríamos de marca-passos espirituais (como injeções de ânimo, regras rígidas e as medidas desesperadas de troca-troca com Deus).

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Dia do pastor (Parte 1)

A SEMENTE QUE GERMINA

A experiência do pastor - Parte 1 - Antigo Testamento

O conceito do pastorado vai bem além de sua história recente, com o surgimento das primeiras lideranças da Igreja.
A noção dessa atividade é bem conhecida do Antigo Testamento, ocorrendo em todas as divisões literárias da Bíblia.
É ali que precisamos buscar as origens do chamado pastoral.
Pentateuco:
Em Números, por exemplo, Moisés descreve em uma conversa com Deus sua preocupação de que, com sua morte, o povo de Israel ficasse "...como ovelhas que não têm pastor" (Nm 27.17b). Ele pede a Deus para que "ponha um homem sobre esta congregação" (Nm 27.16b). O escolhido da vez foi Josué (Nm 27.18-23).

Livros Poéticos:
Nos Salmos, a noção do pastorado ganha importante desenvolvimento teológico, e chega ao ápice na declaração "O Senhor é o meu pastor..." (Sl 23.1). É um pastorado pessoal e íntimo no coração e na consciência de cada indivíduo. No capítulo 80, o salmista dá uma dica de como o pastoreio de Deus funciona: "Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que te assentas entre os querubins, resplandece."

Profecia:
O profeta Isaías corrobora a frase do salmista, ao dizer que Deus "como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente." (Is 40.11). E o profeta Jeremias retoma o conceito de pastores-líderes, ao dizer: "E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência" (Jr 3.15), com a precípua finalidade de exortar o povo ao arrependimento e anunciar a promessa de redenção. Mas a grande parte das citações do Antigo Testamento acerca desses pastores-líderes de Israel é que eles falharam em sua missão (Jr 10.21; 12.10; 23.1,2; 50.6, e tantos outros textos).

A grande lição, em tudo isso, é que Deus precisa ser o nosso Sumo Pastor e que cabe a ele "levantar sobre nós pastores que nos apascentem, encorajem, protejam e guardem" (paráfrase minha de Jeremias 23.4).
Quando as duas coisas acontecem, somos muito mais felizes, de fato.

terça-feira, 5 de junho de 2012

12 temas atuais da existência humana

Ando pensando sobre "roteiro" das discussões existencialistas:
  • A finitude,
  • a contingência e a fragilidade da existência humana;
  • a alienação,
  • a solidão e a comunicação,
  • o segredo,
  • o nada,
  • o tédio,
  • a náusea,
  • a angústia e o desespero;
  • a preocupação e o projeto,
  • o engajamento e o risco...
No existencialismo, essas palavras constituem "categorias ontológicas" que propiciam acesso à essência da condição humana e do próprio ser, E NÃO sintomas mórbidos, objetos das psicopatologias...

O QUE PENSO
1) A finitude só nos deixará na eternidade...
2) A existência humana pode ser frágil (a experiência de ser roubado, por exemplo), mas cada experiência nos "fortalece" para a seguinte...
3) Da alienação já deveríamos (nós, cristãos) ter sido "sacudidos" há algum tempo...
4) A solidão se desfaz quando nos "comunicamos" (fisicamente, ou da forma que pudermos...)
5) O segredo é algo bem legal... (desde que seja segredo "a dois" - ou seja o segredo compartilhado com o par perfeito)...
6) O nada (terminologia que é melhor compreendida a partir do idioma "alemão") é algo que eu nunca me debrucei para estudar...
7) O tédio vai-se nos encontros físicos...
8) A náusea é intelectual (como a dos carinhas que "se acham", no essencialismo... na hora do "vamos ver" (existencialismo), mudam tudo...
9) A angústia e o desespero poucas vezes me ocorreram...aguardo-os (se vierem!) para descobrir como agirei...
10) A preocupação e o projeto... algo totalizante e sempre incompleto (o projeto vai-se construindo nas oportunidades)...
11) O engajamento e o risco - valem sempre como estilo de vida - saber quem é, onde se quer chegar, como fazer para chegar, sabendo que há sempre "empecilhos" de toda ordem a serem vencidos...

Ufa, como é difícil ser existencialista...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vingança ou perdão? Qual a sua escolha?


PHILIP YANCEY (revisitado)

"A vingança é uma paixão de acerto de contas. É um desejo ardente de devolver tanto sofrimento quanto alguém lhe infligiu... O problema com ela é que nunca alcança o que deseja; nunca chega ao empate. A justiça nunca acontece. A reação em cadeia iniciada por cada ato de vingança sempre segue o seu curso desimpedida. Ela amarra ambos, o injuriado e o injuriador, a uma escada rolante de sofrimento. Ambos são impedidos de prosseguir na escada quando se exige paridade, e a escada não pára nunca, nunca deixa ninguém descer.
O perdão pode ser injusto — e ele é, por definição —, mas pelo menos fornece um meio de parar com o carro da dedicação cega da retribuição."

MARAVILHOSA GRAÇA p. 47

quinta-feira, 31 de maio de 2012

VIAGEM DE VIVER (Reminiscências heideggerianas)

A gente sempre pensa (erroneamente) que o que sabemos é melhor, superior... E olhamos os outros e seus credos de cima para baixo...

Fato é que mesmo nós, cristãos existencialistas, olhamos para os demais mortais (religiosamente falando) com um certo "dó" que, evidentemente, também denota nosso "ar de superioridade"...
Vale lembrar que no existencialismo, o conhecimento é adquirido "na viagem", por isso, está sempre em construção...
Usando (a fórceps) Heidegger: pelo menos, procuremos nos (Re)humanizar, enquanto superamos os dilemas que a vida nos impõe...
E a viagem (de viver) continua...

A SEMENTE QUE GERMINA

Pastoral acompanhando a leitura da Bíblia em 1 ano na IBVJ
Desvendando o homem por detrás da oração: Salmo 17.2b

O SOM DA EQUIDADE
"Atendam os teus olhos à razão" - diz o salmista, referindo-se retos juízos divinos que ecoam sobre nós, em resposta às orações que lhe fazemos.
Por que precisamos buscar, em oração, continuamente, o reto juízo de Deus sobre nossas escolhas? Não estamos todos nós, cristãos, seguros na condição de salvos, pela graça divina?
A resposta é simples: como não sabemos como responderemos, já que a inconstância nos acompanha, precisamos ouvir o SOM DA EQUIDADE, que é produzido em nós quando Deus pesa retamente nosso caminhar.
Por questão de segurança, ao orar, precisamos nos colocar à prova segundo os retos olhos de Deus.
Se "cremos" que daremos sempre a "mesma" resposta, enganamo-nos (para usar uma categoria joanina)... Deus precisa "aplanar nossa vereda" (Is 26.7).

A SEMENTE QUE GERMINA


GRAÇA, SEGURANÇA E (RE)CONHECIMENTO

Se sabemos seguramente que estamos seguros na salvação que provém da graça, por que precisamos nos perguntar, a cada instante, se trilhamos ou não pelo caminho certo?

Aí que está a graça: não sabemos como responderemos! (pois a inconstância nos acompanha). Por isso, precisamos nos (re)perguntar e nossas respostas serão definidas apenas "no momento em que elas forem dadas" (existencialismo cristão?!)
Se "cremos" que daremos sempre a "mesma" resposta, enganamo-nos (para usar uma categoria joanina)...

<É isso>

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A felicidade da pobreza (Philip Yancey - revisitado)

Philip Yancey é um escritor fantástico, premiadíssimo nos EUA...


Num de seus livros, O Jesus que eu nunca conheci, ele propõe um exercício baseado nas 10 razões pelas quais a graça divina está direcionada aos “pobres”:

1. Os pobres sabem que têm premente necessidade de redenção.
2. Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também sua interdependência uns dos outros.
3. Os pobres depositam a segurança não nas coisas, mas nas pessoas.
4. Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância e nenhuma necessidade exagerada de privacidade.
5. Os pobres esperam pouco da competição e muito da cooperação.
6. Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo.
7. Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada nascida de uma dependência reconhecida.
8. Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados, porque já sabem que a pessoa pode sobreviver a grandes sofrimentos e necessidades.
9. Quando os pobres ouvem a pregação do evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão.
10. Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza  descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.

O exercício é TROCAR O “POBRE” POR ‘EU” – E A REGÊNCIA DOS VERBOS TB É CLARO...


Será que nossas atitudes nos colocam “na cara do gol” (usando uma metáfora conhecida) da graça e do favor divino?

"temores e suspeitas" (A.W.TOZER revisitado)

Alguns escritores têm a habilidade de marcar "a ferro" nossas consciências. Eles vêm de vários credos diferentes e, em comum, têm a habilidade de comunicar, com simplicidade e profundidade, o evangelho e suas implicações.

Um de meus prediletos, desde os tempos de seminário, é o teólogo pentecostal A.W.Tozer.

"Temo qualquer tipo de movimento religioso entre os cristãos que não leve ao arrependimento, resultando numa aguda separação do crente e o mundo. Suspeito de todo e qualquer esforço de avivamento organizado, que seja forçado a reduzir os duros termos do Reino. Não importa quão atraente pareça o movimento, se não se baseia na retidão e não é cuidado com humildade, não é de Deus. Se explora a carne, é uma fraude religiosa e não deve receber apoio de nenhum cristão temente a Deus. Só é de Deus aquele que honra o Espírito e prospera às expensas do ego humano. "Como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor"

terça-feira, 29 de maio de 2012

Cheiro de fumaça (A.W. TOZER, REVISITADO)

Alguns escritores têm a habilidade de marcar "a ferro" nossas consciências. Eles vêm de vários credos diferentes e, em comum, têm a habilidade de comunicar, com simplicidade e profundidade, o evangelho e suas implicações.
Um de meus prediletos, desde os tempos de seminário, é o teólogo pentecostal A.W.Tozer.

"O espírito do mundo é forte, e gruda em nós tão entranhadamente como cheiro de fumaça em nossa roupa. Ele pode mudar de rosto para adaptar-se a qualquer circunstância e assim enganar muito cristão simples, cujos sentidos não são exercitados para discernir o bem e o mal. Ele pode brincar de religião com todas as aparências de sinceridade. Ele pode ter acessos de sensibilidade de consciência , e até pode confessar os seus maus caminhos pela imprensa pública. Ele louvará a religião e bajulará a igreja por seus fins."