quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

APOCALIPSE 17, 18 e 19: Descobrindo as verdades de Deus

A vitória do bem
Apocalipse 17.1-7; 18.1-5; 19.1-9

Você já ouviu falar na expressão “dar um basta”? Pois os capítulos 17 a 19 de Apocalipse narram como Deus deu um basta na opressão e na tirania do império do mal contra o povo de Deus. Tudo começa com o derramar da sétima taça da ira de Deus (cap. 16), que prenuncia o julgamento divino contra aquela que o profeta chama de “a grande Babilônia”. Enfim, para a vitória do Cordeiro, o mal precisaria ser vencido de uma vez por todas.

Um novo ciclo de sete visões vai descrever a condenação e queda do império opressor. O profeta esconde a identidade de seu algoz e, ao mesmo tempo, réu do juízo divino, ao dizer “Deus lembrou-se da grande Babilônia” (16.19). É assim, em tom de sarcasmo, que o profeta descreve Roma, a capital do império romano.

Nesse sentido, o Apocalipse de João acompanha extensa tradição de textos proféticos que se referem ao fato de Deus desbaratar reinos gloriosos, como o fez Isaías, ao profetizar contra a Babilônia dos caldeus (Is 13, 14), por causa de sua arrogância e pecaminosidade.

QUEM É A GRANDE BABILÔNIA?

“a grande prostituta que está assentada sobre muitas águas”
(17.1). Essa é a definição escrita na fronte da mulher que aparece na visão do profeta. Ele explica a expressão “muitas águas” dizendo que elas representam as nações e povos do mundo que se submetem ao reinado da “grande Babilônia”. Aos pés de Roma, a capital do império romano, estava o mundo daquela época, no entorno do Mar Mediterrâneo.

OS PECADOS DA GRANDE BABILÔNIA

O capítulo 17 traz a visão da grande meretriz (17.1-6a) e uma segunda visão contendo a interpretação da primeira (17.6b-18).

Ao profetizar contra a “grande babilônia”, o profeta insiste com o povo de Deus para deixar a cidade e não participar dos sete pecados dela. O uso do número “sete” para assinalar a pecaminosidade em seu grau máximo, a inimizade contra Deus. Por seus pecados terem se acumulado até o céu, ela há de ser julgada.

Dentre as acusações feitas contra Roma, três ganham destaque:

“a mãe das prostituições e das abominações da terra” (17.5). A promoção de uma religiosidade idólatra, tendo o imperador no seu vértice, a exigir adoração e culto, faz do regime romano um império de prostituições e abominações. A prostituição sempre esteve ligada à idolatria. Vários templos, como o de Diana dos efésios, mantinham prostitutas cultuais em seu sistema religioso. Os povos subjugados tinham como obrigação civil a adoração ao imperador e a adesão ao seu culto. Os sacerdotes, nas províncias tinham a missão de promover o culto imperial e os governadores a função de fiscalizar, prender, julgar, acusar e condenar os que se recusam a participar.

“embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus” (17.6). A indignação divina contra Roma é pelo fato de fazer espetáculo com a morte dos cristãos em suas arenas e coliseu. Um relato muito próximo dessa verdade pode ser lido em Hebreus 10.32,33. Roma tem as mãos sujas com o sangue dos mártires. Ela é culpada de genocídio.

“os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias” (18.3). A grandiosidade e riqueza de Roma são tamanhas, que a cidade em si ganha status de divindade. Mas sua riqueza tem origem escusa. Ela foi construída em função dos espólios de guerra, dos saques, da opressão ao direito e de modo ilícito.

O VEREDITO CONTRA BABILÔNIA

No capítulo 18, o profeta tem a visão da proclamação angelical da queda de Roma (18.1-3), a visão das reações ao veredito (18.4-20) e a visão da pedra lançada no mar, simbolizando o fim caótico da cidade de Roma e os lamentos finais (18.21-24).

“vi descer do céu outro anjo que tinha grande autoridade, e a terra foi iluminada com a sua glória” (v. 1). O anjo é o mensageiro da justiça e do poder de Deus em favor dos seus santos. Ele traz o veredito divino: “caiu, caiu a grande Babilônia” (v. 2). Eis o significado da expressão “e Deus se lembrou das iniquidades dela” (v. 5).

O HINO DE ADORAÇÃO A DEUS

A cena se volta para o céu, a partir da sexta (19.1-5) e sétima visões (19.6-10). São ouvidos hinos de adoração a Deus por ter executado seu juízo e libertado os santos.

“Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus” (19.1). Nessa declaração de fé estão envolvidos vários sentimentos: fidelidade, gratidão, confiança, alívio. A despeito de todas as tribulações, aqueles cristãos mantiveram sua fé. A fidelidade a Cristo poderia resultar na morte deles, mas a confiança inabalável na justiça de Deus lhes oferecia o alívio e a esperança para continuar firmes.

“os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono” (19.4). É recorrente no Apocalipse o uso de imagens dos salvos, em adoração e exaltação ao Cordeiro. A função dessas imagens é reassegurar aos cristãos sua condição segura ao lado do Todo-Poderoso, no final de tudo. Cumpre-se, assim, a profecia: “Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes” (v. 5).

“Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso” (19.6). A consolidação do reino de Deus é, enfim, realizada, com a imagem do casamento do Cordeiro (figura do Messias) e sua noiva (figura dos que foram salvos).

Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (19.9). Não haverá alegria maior do que fazer parte do reino de Deus, quando este se consumar, no fim dos tempos. São chamados a cear com o Senhor aqueles que, confiando-lhe a alma, mantém sua fé, a despeito de tudo.

Roma começou seu declínio por volta do século IV e, conforme a profecia, caiu, primeiro no Ocidente, depois, no Oriente. Os santos que sofreram em suas mãos estão, hoje, ao lado do Messias vencedor, aguardando que ele retorne, para julgar o mundo.

O que se afirma, nesses capítulos, com propriedade, é que todos os poderes temporais que se pretendem absolutos, e que procuram usurpar para si a glória e a adoração devidas exclusivamente a Deus, serão derrotados.

Encontraremos, se analisarmos o mundo atual, facilmente, novos “réus” para o juízo divino que há de acontecer no final dos tempos. Outros “impérios” promovem os mesmos efeitos descritos aqui. Por exemplo, o império do entretenimento tem promovido idolatria, prostituição e abominações por todo o mundo. Missionários cristãos continuam sendo mortos nos campos onde Roma mantinha seu império. Tem aumentado, cada dia mais, o abismo entre ricos e pobres. São sinais evidentes de que a profecia de João continua viva.

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