sábado, 31 de julho de 2010

AUXÍLIOS DIDÁTICOS: dialogo e açao, 1 de agosto

Para a lição de amanhã, uma exegese textual.

Análise textual
1Jo 2

v. 18

“a última hora” – A percepção escatológica do apóstolo, isto é, focaliza o movimento da história em direção ao fim, destacando o surgimento da figura do anticristo e, num uso excepcional, por João, dos “muitos que se tornam anticristos”.
A ideia é comum na apocalíptica, onde se descreve o período difícil da tribulação vivido pelos crentes, a coexistência de falsos mestres e falsos profetas no meio da igreja, e o aguardar constante do retorno vitorioso e “iminente” do Messias.
No comentário do “Manual Bíblico Vida  Nova” (p. 822), afirma-se que esses “anticristos” (falsos mestres) destruíam a comunhão nas igrejas ao ensinar doutrinas erradas sobre Cristo.
Gundry, por sua vez (Panorama do Novo Testamento, p. 400), reforça essa ideia, afirmando que o apóstolo João usa como critério para testar a profissão de fé dos mestres e dos crentes uma correta cristologia.

v. 19
“saíram de nós”... Dando a entender que o problema foi provocado de dentro. Crentes ilegítimos atuando como falsos mestres ainda constituem um perigo iminente. É uma saída provocada, ou seja, foram rejeitados pela igreja, que se manteve firme diante do falso ensino.

v. 20
“tendes a unção”... A palavra grega “krisma” (unção) aponta para a capacidade dada pelo Espírito Santo ao crente de compreender as coisas espirituais: “todos tendes conhecimento”. A segunda pessoa do plural dá destaque à ação do Espírito fortalecendo o corpo de Cristo contra as heresias.

A igreja do Novo Testamento enfrenta constantemente uma batalha doutrinária, com dois pólos:
De um lado, os mestres de origem judaica com sua concepção legalista da vida: impondo aos crentes a necessidade estrita de observar regras e normas, julgando os outros pelo que eles fazem e acreditando em hierarquização espiritual. Em resumo, eles entendem e ensinam a salvação como o resultado das obras praticadas.

Do outro lado, os apóstolos (Paulo e João) e os mestres de origem gentílica, que atestam a concepção de justiça pela fé, sem méritos pessoais: primam pela consciência e pela responsabilidade pessoal de cada crente, representado pelo sacerdócio universal de todos os salvos, pela liberdade de expressão da fé e de interpretação das Escrituras. Em resumo, ensinam e entendem a salvação como um ato divino de graça, mediante a fé que depositam no Salvador Jesus.
É o apóstolo Paulo o principal defensor da ortodoxia (prática correta da doutrina do evangelho), rejeitando a heterodoxia (práticas falsas originadas de distorções do evangelho).


v. 21,22
Verdade – Reconhecer que Jesus é o Messias de Deus.
Mentira – Característica do falso ensino, “negar Pai e Filho”, ou seja, negar a eficácia da expiação realizada pelo Filho, na cruz, em cumprimento da vontade salvífica do Pai.

Gundry (Panorama do NT, p. 401) pensa que João estivesse descrevendo uma heresia gnóstica que era ensina por um tal de Cerinto.

Cerinto distinguia entre um Cristo-espírito divino e imaterial e um Jesus humano, dotado de corpo físico. Ele dizia que o Cristo-espírito teria abandonado Jesus por ocasião de sua crucificação.

Contra esta heresia, João afirmou: Jesus era Deus-Homem. A pessoa única, Jesus Cristo, deu início à sua manifestação pública (batismo) e a encerrou (crucificação).
Outros gnósticos daquele período tentaram evitar a encarnação e a morte física de Jesus Cristo afirmando que ele era humano apenas na aparência (heresia: docetismo).

v. 23
Duas ações e suas consequências:
Negar x confessar
Um texto correlato que apresenta a ideia da negação (rejeição) do Filho de Deus e consequente perdição é 2Pedro 2.1
Um texto correlato que apresenta a ideia da confissão e consequente reconciliação é 1João 1.9, isto é, uma confissão “verdadeira”...
Paulo descreve para Tito que alguns “confessam” somente com os lábios, mas não com a vida (Tito 1.16). 

v. 24
“a promessa” – Não é possibilidade, mas certeza de cumprimento, por causa da fidelidade de Deus e seu caráter perfeito: sempre levará a efeito o que diz.
A expressão grega “epangelia” (promessa) aparece em
·   Atos 2.39 – que explica o plano de Deus de envolver na promessa da vida eterna todos os homens que crerem (ou seja, responderem ao chamado da fé)
·   Romanos 4.13,14 e Gálatas 3.22 – Argumentam que fora da fé a promessa de vida eterna é anulada.

“vida eterna”... João usa muito o adjetivo “eterna” (do grego aionios) para qualificar um tipo de vida especial, aquela que é produzida por Deus no homem que está morto em delitos e pecados.
Ter a vida eterna é o mesmo que “ter sido vivificado, pela fé”. Começa aqui, no momento em que cremos e nos é garantida por Deus, num ato gracioso (Jo 5.24).
A melhor definição é “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste” (João 17.3).




PARA DISCUSSÃO
1) Pergunta circular: vivemos assim, num sentido de urgência e vigilância?
Há uma grande responsabilidade pesando sobre os ombros da igreja, a do exercício da disciplina cristã, quando é o caso da descaracterização do evangelho por qualquer de seus membros, mesmos aqueles que parecem ter funções de liderança. A preocupação primária, no processo disciplinar preventivo, é resgatar a verdade do evangelho.

2) Pergunta circular: Como anda a nossa firmeza doutrinária acerca do Autor e Consumador da nossa fé, Jesus Cristo?
Esperar em Cristo é “âncora da alma, segura e firme” (Hb 6.19). Uma fé descrita com tamanha realidade deve levar o cristão ao comprometimento cada vez maior com Cristo, mostrando, assim, seu caráter transformado pela renúncia completa da velha vida.

3) Leitura de aprofundamento (grupos de partilha)
Efésios 2
4. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5. estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
6. e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus,
7. para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus.

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