quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lição EBD 3 - Diálogo e ação - 18 de abril - Com comentários do autor


Cartas às igrejas da Ásia e a nós, hoje

Você sabe qual foi o primeiro documento escrito da história do Brasil? Foi uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha, datada em Porto Seguro no dia 1 de maio de 1500.
A carta, destinada ao rei de Portugal, D. Manoel I, conta a descoberta oficial da Terra de Vera Cruz. Pero Vaz de Caminha fala dos índios, das belezas da nossa terra e, também, das percepções pessoais de seu autor.

No início da era cristã, as cartas já eram usadas pelos escritores bíblicos, como formas de instrução, de encorajamento e, também, de correção.

No Apocalipse, sete cartas foram escritas e enviadas às igrejas da Ásia Menor. Elas falam das percepções de Cristo sobre as comunidades cristãs. Cinco delas soam como fortes repreensões de comportamentos errados das igrejas. Outras duas igrejas são elogiadas e encorajadas.

COMENTÁRIO: Muito se tem dito sobre o caráter "circular" das cartas de João descritas no Apocalipse. A tradição coloca esse apóstolo na comunidade de Éfeso, de onde poderia facilmente "despachar" mensagens para as igrejas da Ásia Menor. O total de sete pode ser "literal" ou "figurado" (o mais provável) representando a totalidade dos cristãos em todos os tempos e lugares, destinatários dessas importantes mensagens de cristo à igreja. 
CARTAS ABERTAS PARA PROTESTAR

Por detrás das duras palavras proferidas para os anjos das igrejas e seus membros está a afirmação de que Deus está no controle da história e que todos, sem exceção hão de prestar contas a ele. De todos os temas apresentados no Apocalipse, nenhum deles é mais central do que a soberania de Deus.

A Ásia Menor era o centro da cultura, comércio e agricultura do mundo antigo. Uma das funções das cartas escritas para as comunidades cristãs da Ásia Menor é protestar contra a assimilação pelos crentes da cultura dominante que ia de encontro aos desígnios de Deus para o mundo.
Esse fato nos leva a pensar nos anjos das igrejas como pessoas envolvidas diretamente com as igrejas, na liderança delas. Eles, também, recebem o conteúdo da profecia de João e partilham das censuras e elogios.

COMENTÁRIO: Ainda é papel da igreja protestar contra a assimilação da cultura pagã, por seus componentes. Tal assimilação diminui o ímpeto evangelístico e missionário da igreja, uma vez que sua relação com o mundo é de simbiose. Paulo exorta sobre isso em Romanos 12.1,2 e constitui, também, advertência de cristo: ninguém pode amar a dois senhores.

JESUS PROTESTAVA CONTRA
A PERDA DE ENTUSIASMO

“Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” (2.4). Perseguições e ameaças iminentes da acusação de traição para com o estado romano esfriaram o entusiasmo e a motivação dos competentes cristãos de Éfeso, a primeira igreja à qual Jesus se dirige.

Este é um perigo que corremos, hoje. A tendência comum é focar nos problemas em vez de enxergar o Senhor, que está acima de tudo e todos, no controle.

COMENTÁRIO: A perda do entusiasmo ou falta de motivação tem raízes em pecados ocultos e continuados, na desnutrição espiritual (falta de ensino bíblico), ou pela intensidade do sofrimento (caso dos cristãos da Ásia Menor), quando não se tem o foco na direção correta (o olhar escatológico, que vê o futuro com a certeza da vitória da fé).

JESUS PROTESTAVA CONTRA A DETURPAÇÃO
DO EVANGELHO PELA IDOLATRIA E PROSTITUIÇÃO CULTUAL

“tens aí os que seguem a doutrina de Balaão... também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas” (2.14,15). Os ensinos idólatras destes falsos mestres induziam os cristãos à prática da idolatria. Em Pérgamo, por exemplo, praticava-se a adoração ao imperador romano Augusto, havia um altar a Zeus, divindade suprema da mitologia grega e intenso politeísmo, que é a adoração a vários deuses.

“tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos” (2.20). Esta falsa profetiza atuava na igreja de Tiatira. A prostituição cultual era comum nas relações com as divindades gregas. O Novo Testamento ensina que o corpo do crente é habitação do Espírito, portanto, santo. Nossos membros devem ser “instrumentos de justiça” e não de pecado (Rm 6.13).

COMENTÁRIO: Todas as formas de deturpação das Escrituras são tentativas de Satanás de desvirtuar o foco da adoração na igreja. As heresias (literalmente, outros olhares sobre a fé) se constituem em ataques à estrutura básica da mensagem do evangelho. Muitos, usando da estratégia de desvitalizar a "tradição" recebida dos apóstolos e passada à igreja pelos ensinos do Novo Testamento, têm produzido movimentos religiosos heréticos, hoje. Sugiro a leitura do capítulo 3 do meu livro "Libertos para servir", disponível on-line no endereço
http://pastordavifreitas.blogspot.com/2010/01/libertos-para-servir-reflexoes-sobre-o_09.html

JESUS PROTESTAVA CONTRA O
DESCOMPROMETIMENTO E A APATIA

“Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus” (3.2). A igreja de Sardes é censurada por sua apatia espiritual. Isso significa, com certeza, uma certa tranquilidade diante do mundo que não condiz com a urgência da pregação evangélica. Mas o importante é que esse nível de descomprometimento não é geral. Sempre haverá aqueles que “não contaminaram as suas vestes” (3.4). Jesus espera que você e eu sejamos esses tais, dedicados e vigilantes.

COMENTÁRIO: Lembro aqui as palavras de Jesus, na sua oração pelos discípulos: "Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo". Ao contrário daqueles que estavam sendo fortemente atacados pelo sistema romano, havia aqueles que estavam perfeitamente adaptados. Essa "adaptação" se dá com perdas enormes para o crente.  O primeiro desafio para o cristão é o “presente século mau”(1.4), isto é, o estado de coisas que marcam a era em que se vive. Segundo as Escrituras, essa era é marcada pela pecaminosidade. Paulo mostra que Cristo já nos resgatou desse domínio, quando se deu na cruz por nossos pecados e, posteriormente, venceu a morte pela ressurreição. Não deixemos, portanto, que a mentalidade desta época, nas formas do materialismo, secularismo, ganância, insensibilidade, individualismo, sensualidade, rebeldia e tantas outras coisas, se imponha sobre nós! (Libertos para servir, Cap 8).

CARTAS ABERTAS PARA ENCORAJAR

Jesus é “aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (2.1). Nessa posição soberana, ele não vê apenas o que está errado na vida dos crentes da Ásia. Ele traz palavras de encorajamento e de conforto, palavras elogiosas a pastores e membros.

A igreja mais próxima do padrão divino é Filadélfia. É a esta igreja que Jesus diz “eu te amo!” (3.9). O amor de Deus é a força mais poderosa que existe. A igreja era, provavelmente, composta de poucas pessoas, sem prestígio político ou econômico, mas guarda a palavra de Deus e não nega o Senhor nem mesmo diante da possibilidade da execução.

As demais igrejas são, também, amadas pelo Senhor, pois isso fica evidente na declaração à única igreja da Ásia a receber apenas palavras de censura: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te” (3.19).

Você está preparado para ser amado por Deus, quando ele precisar discipliná-lo, corrigir um mau comportamento seu, produzir em você arrependimento? Esse é um momento difícil, mas necessário. Paulo falava disso, quando escreveu "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte" (2Co 7.10).
“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida” (2.7). Fidelidade e vida são palavras ligadas. Os símbolos apocalípticos da promessa de vida eterna são vários: a coroa da vida (2.10), o maná e a pedra branca (2.17), a estrela da manhã (2.28), as vestes brancas (3.5,18) mas, também, de vida no presente: “eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro” (3.10).
Que bom, queridos, ser estimulados com palavras de amor e de vida, diante das tribulações que vivemos. A certeza de vida eterna, garantida pelo poder de nosso soberano Senhor há de produzir em nós uma vida de qualidade, marcada por constância, perseverança, firmeza doutrinária e produtividade.
COMENTÁRIO: Há palavras de encorajamento nas cartas do Apocalipse, principalmente, aos cristãos que não se deixaram dominar e que resistiram, bravamente, muitas vezes, até a morte, por causa do testemunho cristão. Eles se baseiam na natureza do Messias,  a quem se dirigem as palavras de louvor e de adoração, pela vitória conquistada por ele, e de sua posição atual, no cosmos Senhor e Rei.

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