domingo, 17 de janeiro de 2010

APOCALIPSE: COMENTÁRIOS

O Apocalipse de S. João é o último livro do Novo Testamento, também denominado Revelação. O livro recebeu este nome por ser com ele que o livro começa, e tem por fim descobrir as coisas que cedo deviam acontecer por Deus a Jesus Cristo, e que este enviou por seu anjo a seu servo João, para serem comunicadas às sete igrejas da província  romana da Ásia, estabelecidas nas seguintes cidades: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia (Ap 1.1-3,4,11).

APOCALIPSE – “coisa encoberta”.
Palavra derivada do grego Apokalypsis. No latim é Revelatio, que significa revelar, expor à vista, e metaforicamente, descobrir uma verdade que se achava oculta.
No Antigo Testamento não se encontra a palavra revelação; porém, o verbo revelar emprega-se frequentemente no sentido de descobrir segredos (Pv 11.13).
Deus revela a sua vontade aos homens (Dt 29.29; Is 22.14; Dn 2.19,22,28; Am 3.7).
No Novo Testamento, a palavra revelação serve para nos falar do modo pelo qual Deus nos deu a conhecer, por meio de Cristo e o seu Santo Espírito, as verdades divinas, antes completamente ignoradas (Rm 16,25; 1Co 14.26; 2Co 12.1; Gl 1.12; Ap 1.1), para fazer conhecida a vontade de Deus em referência ao seu reino (Gl 2.2), e para a manifestação do justo juízo de Deus (Rm 2.5; 1Pe 1.13).
Em sentido teológico, a palavra revelação significa a comunicação da verdade que Deus faz ao homem, por meio de seus agentes sobrenaturais.

O AUTOR DO LIVRO

O autor do livro era judeu-cristão, dotado de espírito observador, muito familiarizado com as lições do Antigo Testamento e com as formas literárias nele contidas, e de rara habilidade para moldar as profecias características de Daniel e Ezequiel, de modo a descrever o conflito da igreja e sua glória final (veja Daniel e Ezequiel).
João era o nome do autor do livro (1.1,4,9; 22.8). Que era João, o apóstolo e discípulo amado de Jesus, afirma-o a tradição mais antiga, confirmada pelo testemunho de Justino Mártir, na metade do segundo século, por Melito e Irineu da mesma época. É também confirmada pela comparação do livro com o evangelho que traz o seu nome e com a sua primeira epístola. Em todos os três livros existem doutrinas em comum e muitas peculiaridades de linguagem.
Apesar disto, o Apocalipse foi escrito com menos uniformidade de linguagem do que o Evangelho e a sua Primeira Epístola, por causa, sem dúvida, da natureza do assunto que obrigava o escritor a empregar expressões fora do comum, e também porque tinha de repetir e combinar as palavras dos antigos profetas. Alguns doutores, tanto antigos como modernos, como Dionísio de Alexandria, A. D. 247-265, são de opinião que o Apocalipse e o Evangelho não foram escritos pela mesma pessoa.

AS QUATRO PRINCIPAIS
LINHAS DE INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE

1. A interpretação pretérita, considerando a obra como descrevendo os fatos que se deram por ocasião de ser ela escrita. Esta opinião destrói o caráter profético do livro, e por isso é rejeitada.

2. A interpretação futurista, que vê no livro predições sobre acontecimentos ainda não realizados. Oferece ela uma dificuldade: é que toda a profecia, e particularmente esta, liga-se intimamente com a situação da igreja e do profeta a que ela foi dirigida.

3. Interpretação histórico-profética, que vê nas revelações o cenário dos acontecimentos sucessivos que se desdobram na história da igreja cristã. A dificuldade que se descobre neste modo de explicar o livro, é que poucos expositores podem concordar com os pormenores proféticos e com a exatidão de seu cumprimento, e que não levam em conta a feição contemporânea das sete séries das visões.

4. A interpretação simbólica e espiritual, que considera as visões como figuras representativas de certas verdades, ou de certos princípios, destinados a ter lugar na história da igreja, com o fim de animar e confortar a igreja de Cristo até que ele volte, cheio de glória para o julgamento final.

Apesar de que nenhum dos expositores esteja convencido da exatidão de suas idéias referentes ao conjunto da Revelação, este último método de interpretação tem a vantagem de dirigir a atenção dos leitores a certas verdades de grande valor e importância, sob a forma de figuras, fazendo com que o livro mais misterioso da Escritura seja praticamente proveitoso.

In:
DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 42-44

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