O Apocalipse de S. João é o último livro do Novo Testamento, também denominado Revelação. O livro recebeu este nome por ser com ele que o livro começa, e tem por fim descobrir as coisas que cedo deviam acontecer por Deus a Jesus Cristo, e que este enviou por seu anjo a seu servo João, para serem comunicadas às sete igrejas da província romana da Ásia, estabelecidas nas seguintes cidades: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia (Ap 1.1-3,4,11).
APOCALIPSE – “coisa encoberta”.
Palavra derivada do grego Apokalypsis. No latim é Revelatio, que significa revelar, expor à vista, e metaforicamente, descobrir uma verdade que se achava oculta.
No Antigo Testamento não se encontra a palavra revelação; porém, o verbo revelar emprega-se frequentemente no sentido de descobrir segredos (Pv 11.13).
Deus revela a sua vontade aos homens (Dt 29.29; Is 22.14; Dn 2.19,22,28; Am 3.7).
No Novo Testamento, a palavra revelação serve para nos falar do modo pelo qual Deus nos deu a conhecer, por meio de Cristo e o seu Santo Espírito, as verdades divinas, antes completamente ignoradas (Rm 16,25; 1Co 14.26; 2Co 12.1; Gl 1.12; Ap 1.1), para fazer conhecida a vontade de Deus em referência ao seu reino (Gl 2.2), e para a manifestação do justo juízo de Deus (Rm 2.5; 1Pe 1.13).
Em sentido teológico, a palavra revelação significa a comunicação da verdade que Deus faz ao homem, por meio de seus agentes sobrenaturais.
O AUTOR DO LIVRO
O autor do livro era judeu-cristão, dotado de espírito observador, muito familiarizado com as lições do Antigo Testamento e com as formas literárias nele contidas, e de rara habilidade para moldar as profecias características de Daniel e Ezequiel, de modo a descrever o conflito da igreja e sua glória final (veja Daniel e Ezequiel).
João era o nome do autor do livro (1.1,4,9; 22.8). Que era João, o apóstolo e discípulo amado de Jesus, afirma-o a tradição mais antiga, confirmada pelo testemunho de Justino Mártir, na metade do segundo século, por Melito e Irineu da mesma época. É também confirmada pela comparação do livro com o evangelho que traz o seu nome e com a sua primeira epístola. Em todos os três livros existem doutrinas em comum e muitas peculiaridades de linguagem.
Apesar disto, o Apocalipse foi escrito com menos uniformidade de linguagem do que o Evangelho e a sua Primeira Epístola, por causa, sem dúvida, da natureza do assunto que obrigava o escritor a empregar expressões fora do comum, e também porque tinha de repetir e combinar as palavras dos antigos profetas. Alguns doutores, tanto antigos como modernos, como Dionísio de Alexandria, A. D. 247-265, são de opinião que o Apocalipse e o Evangelho não foram escritos pela mesma pessoa.
AS QUATRO PRINCIPAIS
LINHAS DE INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE
3. Interpretação histórico-profética, que vê nas revelações o cenário dos acontecimentos sucessivos que se desdobram na história da igreja cristã. A dificuldade que se descobre neste modo de explicar o livro, é que poucos expositores podem concordar com os pormenores proféticos e com a exatidão de seu cumprimento, e que não levam em conta a feição contemporânea das sete séries das visões.
Apesar de que nenhum dos expositores esteja convencido da exatidão de suas idéias referentes ao conjunto da Revelação, este último método de interpretação tem a vantagem de dirigir a atenção dos leitores a certas verdades de grande valor e importância, sob a forma de figuras, fazendo com que o livro mais misterioso da Escritura seja praticamente proveitoso.
In:
DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 42-44
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