segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Poesia tema do 43° aniversario da IBVJ


IN AETERNUM
Por Davi Freitas de Carvalho, pastor da IBVJ (pseudopoeta nas horas vagas, que são muito poucas)
Inspirado no poema “Da construção de obras duradouras” de Bertoldo Brecht, e guardando uma forte relação com segunda versão de “Coragem do poeta”, de Hölderlin

Diante da imensa catedral,
labirinto de paredes e pátios,
de quintais, muros e plantas,
refletia o ancião, cabisbaixo...

“Quanto tempo levara a construção?”
Perguntava-se em singela admiração,
enquanto pensava na vida.

Experiências passadas de benesses e danos,
mais recordações do que há em mil anos,
na igreja, ainda infante,
quando jovem, decisivo participante,
na gravidade da vida,
o homem sentia como se de nada valesse a corrida.


Lembrou-se da mãe,
de suas palavras, sábias palavras,
ditas no interior da edificação que contemplava:
-- Filho querido, viver para Deus dará à sua vida sentido.

E são coisas vivas as palavras
exalando a esperança
do corpo que as sussurrou
nos seus últimos suspiros
de que o menino não se deixaria ruir
diante do destino trágico e da dor,
da solidão provocada, do desamor,
e avançaria inerme
através da vida, sem nada recear! 

"Quanto tempo levara a construção?"
Insistia em perguntar-se,
olhando a suntuosa edificação.

"As obras duram tanto quanto seu alicerce permitir",
redarguiu, resgatando na memória uma parábola de Jesus.

"Areia!..." Exclamou, num suspiro,
debatendo com a consciência
o motivo de sentir
o coração penetrar soturnamente o crepúsculo
"Foi sobre a areia que construí minha vida!"

Néscio proceder,
ouvir a voz divina
sem prestar-lhe a devida atenção.
Insensato comportamento,
rebelar-se contra a vontade do Criador, Senhor e Rei,
que num gesto abnegado
entregou-se pela grei.

"Areia! Foi sobre a areia que construí minha vida!", gritava a consciência,
entre as ruínas persistentes daquele chão
onde agora as vozes apagadas
apenas sussurram em vão,
por ter descido a chuva, e corrido rios, e assoprado ventos, e combatido a casa,
que caiu, e ter sido grande a sua queda.
   
"Poderia o Senhor reconstruir a minha casa, edificando-a sobre a rocha?"
Perguntava-se, num gesto de angústia, a decrépita figura,
levantando o olhar para o céu.

"Rocha!" Clamava, em prantos, àquela altura, diante da catedral, a alma aflita:
"Quero edificar minha vida sobre a rocha! Pois as obras duram tanto quanto seu alicerce permitir!"

Sábio proceder,
ouvir a voz divina
e prestar-lhe a devida atenção.
Prudente comportamento
fazer a vontade do Criador, Senhor e Rei,
que num gesto abnegado
entregou-se pela grei.

"Rocha! É sobre a rocha que desejo construir minha vida!",
gritava a consciência,
limpando as ruínas antes existentes
daquele chão
onde agora as vozes da alegria
ecoam no louvor dos seres angelicais,
por ter descido a chuva, e corrido rios, e assoprado ventos, e combatido a casa,
que resistiu, e não ruiu,
pois estava edificada sobre a rocha que é Jesus.

Naquele instante de fé,
de firme decisão,
Deus acabara mais uma construção,
pois cumpriu sua promessa de ser, em Cristo,
in aeternum, a Rocha da Salvação.

Exaltado seja Deus, que vive e é bendito, para sempre, amém!

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