terça-feira, 9 de novembro de 2010

Comentando a lição de 14 de novembro - DIALOGO E ACAO

Gálatas é de fato uma peça literária belíssima, que nos toma e atrai, completamente, ao aprofundamento de nossos conhecimentos bíblicos.

Há um caráter poimênico (pastoral, de aconselhamento) nessa epístola. Encontramos nela respostas sinceras sobre quem somos, hoje, à luz do resultado de nossa conversão a Cristo: somos pessoas livres!

Mas Gálatas alerta, também, que embora não possua força escravizadora sobre o crente, o pecado mantém forte influência na conduta do salvo.

É no âmbito da luta interior contra a velha natureza e, também, contra a ideia da autojustificação que Paulo delineia os aspectos da nova condição espiritual do salvo por Cristo. Essa condição de liberdade das amarras
do pecado, Paulo chama de “justificação pela fé".

Somos cristãos e estamos no mundo vivendo, plenamente, nossa humanidade. Não somos em nada parecidos com os super-heróis dos quadrinhos, nem estamos “por cima da carne seca”. Pelo contrário, vivemos no âmago da uma ferrenha batalha contra o que Paulo chama de “carne”, ou seja, nossa velha natureza.

Segundo ensina a epístola aos Gálatas, nós não estamos sozinhos na luta contra a carne. É a mesma ideia que se encontra presente na oração intercessória de Jesus por seus discípulos, em que ele ora a Deus para que “guarde os seus que estão no mundo” (Jo 17). Deus nos guarda pela operação do seu Espírito em nossa consciência. Vencer a batalha é o mesmo que abandonar de vez o pecado.
Paulo chama isso em Gálatas de “não cumprir a cobiça da carne” (Gl 5.16).

Gálatas nos ensina que viver segundo os ditames da carne (natureza pecaminosa) tem consequências terríveis (Gl 5.19-21).

Assusta, num primeiro momento, percebermos tendências carnais em nossos pensamentos, gestos e falas... Mas quem pode dizer que está livre destes espectros pecaminosos?

Paulo mostra, ainda, que o Espírito Santo insiste em nos convencer à vida sem o peso da culpa. Ele descreve, cuidadosamente, como o Espírito materializa a vontade de Deus pelo fruto (resultado natural) de uma vida sob a orientação de Deus (Gl 5.22-25).

Outro aspecto a ressaltar no ensino dessa epístola é que a liberdade cristã nos impulsiona para o serviço a Deus: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis a liberdade para dar ocasião à carne. ANTES, PELO AMOR SERVI-VOS UNS AOS OUTROS” (Gl 5.13).

Antes de nossa conversão a Cristo, servíamos aos nossos desejos pecaminosos. Agora, libertos por Cristo, desejamos servir a Deus, que nos perdoou e salvou.

Fundamental na leitura de Gálatas é a pergunta que devemos nos fazer sobre as marcas de Cristo em nossa vida. Elas são perceptíveis ou não? Estas marcas dão testemunho da obra realizada por Deus em nós e representam o testemunho que damos de Cristo ao mundo.

Se tivesse que escolher um versículo que apresente uma síntese de Gálatas, seria: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).

E você, já crucificou o seu velho homem? Faz da sua vida um estandarte da fé em Cristo? Ama na mesma proporção que o Filho de Deus, até à renúncia própria?
Bem, nunca é tarde para começar. Afinal, cada um dos que foram salvos estão, também, libertos. Foram libertos para servir, com gratidão no coração.

Que cada um de nós escolha viver "na fé", ou seja, envolvidos completamente por ela. Muitos acreditam estar numa espécie de busca ou mergulho para dentro de Deus, sem, entretanto, levar em consideração a crucificação de sua velha natureza. É fácil ficar cantando por aí, aos prantos, “eu quero
entrar nos teus átrios”, “eu quero mergulhar nos teus rios”, “entrar no santo dos santos”, “te conhecer”, “me apaixonar”... Difícil é morrer para o pecado, para o mundo, abandonar de vez a disposição para pecar... Deixar-se crucificar...

Quem quiser fazer as coisas expressas nos cânticos que pedem mais de Deus que viva “na fé do Filho de Deus”, ou seja, que aja de acordo com os princípios por ele ensinados na cruz.

Viver na fé é mais do que ir à igreja, emocionar-se ao som de belas palavras. O cristianismo está repleto de pessoas que falam de Deus. Deus precisa de pessoas que creiam nele, que lhe obedeçam, que sejam servas, que sejam úteis...

Viver na fé é “a norma” que traz “paz e misericórdia” sobre aqueles que creem (Gl 6.16).

__________
Extrato de
CARVALHO, Davi Freitas de.
"Libertos para servir: Reflexões sobre o prazer no serviço a Deus.
Rio de Janeiro, 2009. p. 55-56

Nenhum comentário: